sexta-feira, 2 de junho de 2017

Suicide e Alan Vega

O Suicide foi um duo Nova Iorquino formado por Alan Vega, o vocalista, e Martin Rev, operador de sintetizador e bateria mecânica em 1970.

A proposta da dupla sempre foi a de criarem um som diferente de tudo o que existia até então e essa busca resultou em algo apelidado como proto-punk eletrônico, desafiando a era hard e progressiva da década em que começaram, mas não foi nada fácil convencer as pessoas a digerirem algo tão inusitado.

Levaram sete anos apresentand-se diante de um publico que não os compreendia até que o movimento punk começou sua história indo contra a caretice e prepotência do rock que dominava a época, momento perfeito para chegarem a algum lugar.

Alan Vega tornou-se uma das figuras mais respeitáveis do cenário punk, era uma mente brilhante e diferencial, formou-se em física e arte em 1960, usou a arte como forma de expressão e alimento a sua rebeldia e inconformismo.

Durante a década de 60 envolveu-se com grupos de artistas radicais que lutavam por suas ideias confrontando museus de arte moderna, em 1969 adotou o codinome de Alan Suicide ao mesmo tempo em que passou a dedicar-se integralmente a pintura e escultura, a música foi o passo seguinte e a amizade com Martin Rev deu inicio a um novo laboratório de experiências artísticas que culminariam no projeto chamado Suicide.

Quando assistiu a uma caótica apresentação do The Stooges no New York State Pavilion, em 1969, Alan literalmente enlouqueceu, convidou Martin Revrby para montar a banda juntando-se ao guitarrista Paul Liebgott e começaram tocando em museus e exposições de arte, locais dos quais ele possuía muitos amigos e admiradores de suas ideias, começaram com o nome de "Nasty Cut" e na estratégia de divulgação panfletava descrevendo seu projeto como "Punk Music" e "Punk Music Mass" inspirados em um artigo de Lester Bangs.

Em 1971 eles abandonaram Paul Liebgott e assumiram-se como um duo, embora bastante diferenciais e autênticos eles só começaram a ser percebidos em torno de 1975 quando passaram a se apresentar em locais como Mercer Arts Center, Max's Kansas City e o CBGB.

O primeiro álbum, clássico absoluto e um dos discos mais distintos da sua era, surgiu apenas em 1978. Nessa altura, os Suicide já não soavam e pareciam tão singulares e ofensivos como nos primórdios, mas a postura confrontacional mantinha-se, especialmente nos concertos ao vivo, eventos normalmente utilizados pelo vocalista Alan Vega para espicaçar e provocar o público, observado pelos impenetráveis e constantes óculos escuros do gerador de sons Martin Rev.

A música de Suicide é densa, tensa e sombria. Quase lúgubre no seu negrume e envolta numa disforia espectral. Os trovejos electrónicos expelidos pelos teclados de Rev alternam entre o calor hipnótico e o frio imaterial. Vega paira por cima, qual morcego rockabilly, debitando vocalizações que invocam os fantasmas de Elvis Presley e Gene Vincent. As letras são vagas e minimais. America, America is killin' its youth, ouve-se em Ghost Rider, o propulsivo e intenso tema de abertura. Gonna crash, gonna die and I don't care, apregoa o urgente e turbulento Rocket U.S.A.. E Frankie Teardrop leva ao extremo a união entre palavras explícitas e música transtornada, com o relato de um jovem operário que fica na miséria e mata mulher e filho, suicidando-se em seguida. We're all Frankies, we're all lying in hell, clama Alan Vega no final, e ninguém sai incólume deste filme de terror sonoro.

Girl debita ritmo em chicotadas metralhadas e Cheree é uma das canções de amor mais desviantes e incomuns de sempre. Um abraço quente na frieza das ruas, um poema parco em palavras mas rico em ardor. E é da desolação das ruas escuras da Nova York dos anos 70 que toda a música de Suicide se alimenta. Um disco para ouvir sempre fora de horas e sempre um disco fora de tempo, apesar de inovador e influente.

Em 1980 Alan abandonou a alcunha de Suicide e deu inicio a sua história em carreira solo definindo seu som como rockabilly frenético, nos anos que seguiram Alan lançou 7 discos, emplacou um sucesso "Jukebox Babe", mas enfrentou muitos problemas contratuais e muitas tretas com produtores, nesse lado a parceria que mais deu certo foi com Ric Ocasec que trabalhou no conceituado "Saturn Strip", algo que se repetiria anos mais tarde no álbum "A Way of Life".

No final da década de 80 conheceu e casou-se com Elizabeth Lamere, uma parceira que tornou-se vital ao seu reencontro com a musica mais minimalista, seu quinto disco "Deuce Avenue" foi o mais próximo que Alan conseguiu chegar de sua estreia com o Suicide.

Como Suicide reuniram-se varias vezes ao longo desses anos, mesmo levando o nome de seu criador eles jamais evitaram que todos trabalhos fossem creditados como continuidade a banda original.

Vega morreu dormindo em 16 de julho de 2016 aos 78 anos. Sua morte foi anunciada pelo ex Black Flag Henry Rollins.






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